Se fôssemos armazenar os
meliantes de Natal, poderíamos instalá-los no estádio Juvenal Lamartine, com
todo beneplácito governamental. Alguns separariam uma ala para os de colarinho
branco, assunto polêmico. E se pudéssemos sintetizar, faríamos uma cirurgia nos
sistemas penitenciários e jurídicos e chegaríamos a algumas conclusões: 1)Há
uma cifra negra da criminalidade. Nem todos crimes chegam ao conhecimento
público ou ao término do inquérito ou mesmo julgados. 2)O das elites são crimes
encobertos em torno de 70%, a não ser quando há “fogo amigo” e interesses
políticos. A maioria dos processos se perdem no meio da travessia. 3) Se pudéssemos
sintetizar diríamos: crimes não relatados a Polícia, relatados, mas não registrados,
investigados ,mas que não geram inquéritos, crimes bárbaros terminados em
absolvição, fianças em liberdade e crimes condenados e julgados, embora o criminoso
não os cumpra ou os faça com ampla liberdade. Assim entendido, as estatísticas
oficiais não batem com as cifras reais das ruas.
Lembro-me dos “Homens de Ouro” do
governo Lacerda, Guanabara, onde desde o Mariscot, até os demais foram
envolvidos c/o tráfico de drogas. Os jornais escancaram policiais, criminosos,
elementos do judiciários, em muitos casos envolvidos na banda podre :tráfico de
influência de dinheiro e códigos secretos. Há quem diga que polícia e os políticos controlam uma porção
do judiciário, como troca de favores. Será? – Entendemos, nós psiquiatras que
ao lado da genética, a cultura estabelece uma parte boa e outra má em nós. Vemos os impulsos
agressivo destrutivos presentes em todos indivíduos, podendo serem canalizados
para qualquer lado, em acordo com as circunstâncias sociais. É desta forma que
poderemos compreender o policial em péssimas condições- alguns deles- serem
envolvidos por propinas, crimes, quando deveriam não reprimir o proletariado.
Funciona na agressão policial, o lado sádico.
Quando estivemos estudando a
antiga Colônia Penal João Chaves, ao tempo de Cabeça Lascada, Boi Gordo, Joca
de Cininha, recebemos uma alerta que estávamos desvendando códigos de
linguagem( Ex:”black”, “Dormir de Baiano”,etc).além de códigos de conduta, onde
se envolviam do Comandante até a Assistente Social. Tivemos de sair, “pois
estávamos sabendo demais’. Como em “Papillon” o regenerado na penitenciária,
não o é para a sociedade, também com sua banda apodrecida. Somos todos criminosos?-
Pois a penitenciária é “fotoshopp” da hipocrisia social, da divisão de classes
e do mito da neutralidade jurídica.
mauriltonmorais@uol.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário