sábado, 30 de março de 2013

A DIVERGÊNCIA ENTRE INTELECTUAIS


Quando sai de Mato Grosso (Campo Grande) para Natal, conheci um primo, Aderbal de França Morais(irmão de Raimundo França Morais, casado com Palmira Wanderley) , cronista do Diário de Natal, com o pseudônimo de DANILO. Disse-me ele que aos meus 14 anos já deveria iniciar crônicas curtas, concisas, pois quanto mais me prolongasse, mais sofreria crítica dos “intelectuais” de Natal. Havia escrito aos 13 anos no Correio Campograndense um texto:” Filosofia e o Senso Comum” E em Natal pouco a pouco, fui conhecendo pessoas das letras e artes, escutando mais que falando nas chamadas “confrarias”. Fiz Medicina e continuei nas confrarias.



De volta a Natal, após especializações, retornei a antiga vida. Mas notei uma diferença, a qual persiste até hoje: uns falavam mal dos outros, seja no campo estético, seja no campo pessoal. Afastei-me no isolacionismo, nos livros médicos e literários. Porém uma pergunta inquietou-me: Qual a razão de intrigas, mágoas, demérito da produção de outros? –divergências na experiência estética, falta de coafinação empática da obra de arte ou mesmo coisas minúsculas de província?



Com o avanço de minhas leituras descobri que o fenômeno era universal. Tolstoi detestava e criticava Dostoievski, depreciava Shakespeare e Wagner. Goethe menosprezava Beethoven e elogiava Beranger, como “o maior poeta vivo da França”. Já Sainte- Beuve, um dos maiores críticos franceses não reconhecia Stendhal, Balzac ou Baudelaire. Portanto, há necessidade de uma empatia entre a obra e quem a admira. Citamos a leveza cada maior, ao longo da v ida, do estilo Oscar Niemeyer em contraste com pesadas outras obras. É como se comparássemos a melancolia de um “Prelúdio de Chopin” com a vibrante “Sonata” de Beethoven. Prefiro pensar que as brigas entre os intelectuais de Natal (que não conseguem se reunir nem na Capitania das Artes) seja preferencialmente por mero esmero estético. Se pensasse na preponderância de mediocridades, de intrigas para denegrir a imagem do outro , seria sofrível para uma cidade tão anímica e bela, como esta que escolhi para traçar meu destino. Tenho tido sorte por não ser intelectual.


mauriltonmorais@uol.com.br

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