Quando
sai de Mato Grosso (Campo Grande) para Natal, conheci um primo, Aderbal de
França Morais(irmão de Raimundo França Morais, casado com Palmira Wanderley) ,
cronista do Diário de Natal, com o pseudônimo de DANILO. Disse-me ele que aos
meus 14 anos já deveria iniciar crônicas curtas, concisas, pois quanto mais me
prolongasse, mais sofreria crítica dos “intelectuais” de Natal. Havia escrito
aos 13 anos no Correio Campograndense um texto:” Filosofia e o Senso Comum” E
em Natal pouco a pouco, fui conhecendo pessoas das letras e artes, escutando
mais que falando nas chamadas “confrarias”. Fiz Medicina e continuei nas
confrarias.
De
volta a Natal, após especializações, retornei a antiga vida. Mas notei uma diferença,
a qual persiste até hoje: uns falavam mal dos outros, seja no campo estético,
seja no campo pessoal. Afastei-me no isolacionismo, nos livros médicos e
literários. Porém uma pergunta inquietou-me: Qual a razão de intrigas, mágoas,
demérito da produção de outros? –divergências na experiência estética, falta de
coafinação empática da obra de arte ou mesmo coisas minúsculas de província?
Com
o avanço de minhas leituras descobri que o fenômeno era universal. Tolstoi
detestava e criticava Dostoievski, depreciava Shakespeare e Wagner. Goethe
menosprezava Beethoven e elogiava Beranger, como “o maior poeta vivo da
França”. Já Sainte- Beuve, um dos maiores críticos franceses não reconhecia
Stendhal, Balzac ou Baudelaire. Portanto, há necessidade de uma empatia entre a
obra e quem a admira. Citamos a leveza cada maior, ao longo da v ida, do estilo
Oscar Niemeyer em contraste com pesadas outras obras. É como se comparássemos a
melancolia de um “Prelúdio de Chopin” com a vibrante “Sonata” de Beethoven.
Prefiro pensar que as brigas entre os intelectuais de Natal (que não conseguem
se reunir nem na Capitania das Artes) seja preferencialmente por mero esmero
estético. Se
pensasse na preponderância de mediocridades, de intrigas para denegrir a imagem
do outro , seria sofrível para uma cidade tão anímica e bela, como esta que
escolhi para traçar meu destino. Tenho tido sorte por não ser intelectual.
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