segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Personalidade e Psiquiatria III





Qualquer transtorno mental se assenta sobre uma base denominada personalidade (de persona, máscara do antigo teatro grego) ou se expõe em primeiro plano, seja narcísica, antissocial (antiga personalidade psicopática de K. schnneider), dependente, agressiva, etc. e tal. Estes transtornos, vistos em si mesmo representam 10 a 15% de prevalência na população em geral e numa população psiquiátrica ultrapassam 50%%. A primeira obrigação nossa é afirmar que não há consenso na teoria, nem na metodologia das diferentes escolas, seja ela  psicanalítica, a sua variante sócio psicanalítica(de Erik Erisson),humanista, behaviorista ou cognitivo comportamental e outras O importante é que o psiquiatra disponha de uma cultura geral para saber o que Maslow, Freud, Skinner, Aport., Rogers, Castelli, dentre muitos mais, enfocaram, a fim de que embasados nas teorias possa avaliar psiquiatricamente bem o seu cliente. Na série de artigos aqui e acolá abordaremos diversos tópicos, dando ênfase a Teoria Cognitiva, pois nela nos especializamos para a prática psicoterápica.

Mas o que é personalidade para a Psiquiatria, dentre mil definições? De forma simples podemos dizer que é a síntese de pensamentos, sentimentos e comportamentos, os quais nos torna um Ser único, dando-nos uma previsibilidade de sabermos com quem estamos lidando. Só que esta previsibilidade não é definitiva,dentro da Teoria Cognitivo Comportamental,pois todo comportamento aprendido pode ser modificado ao longo das vivências.Tais formas de reagir manifestam-se desde  cedo de tal forma que em situações de crise acionamos traços de personalidade antigos,ao invés de manifestações comportamentais altruístas adquiridos e mais recentes..
No estudo da personalidade vemos um componente inato (biológico, herdado e que interage com o ambiente no decorrer da vida) e outro adquirido (é o que aprendemos). O inato é o temperamento, como o humor, a introversão ou extroversão, emoções primárias e a volição (vontade, que vai do desejar ao agir) incluindo os impulsos. Já o componente adquirido é o que incorporamos de ética e moral dentro dos valores sócio culturais(muitos autores designam a palavra Caracteropatia para as personalidades anti sociais, anteriormente psicopáticas).
Alguns autores ,ao contrário dos fenomenologistas, freudiados, adleranos, humanistas, etc. e tal, preferem estudar a personalidade em termos de Traço versus Estado, ou melhor, os traços personalísticos são modificáveis de acordo com o Estado (situação) no qual a pessoa se encontra. Em função disto, o Manual de Diagnóstico e Estatística de 1994, retirou personalidade passivo-agressiva, onde a pessoa submetida a uma situação coercitiva, opressora por muito tempo, pode modificar-se diante de outra situação mais livre Isto acontece muito com as mulheres que se separam de um marido dominador ou aquelas que vão estudar na faculdade depois de casadas, onde adquirem nova visão do mundo, novos amigos e terminam até por abandonar o casamento. Aleluia.
Para se conceituar Transtorno de Personalidade e quais tipos,segundo a Psiquiatria clássica, há de se recorrer a alterações marcantes no se relacionar, na forma de se sentir, na maneira de interpretar o mundo, numa distância muito grande do meio cultural onde vive,sendo portador de grande sofrimento ou fazendo os outros sofrerem (sem que nada sintam, como nas personalidades anti sociais). Os vários quadros que iremos relatar na próxima sexta ,se iniciam precocemente, são repetitivos e sem relação direta com outros transtornos,tais como Distúrbio Bipolar.Esquizofrenia,Depressão Unipolar ou Uso de Drogas.Podem estar relacionados indiretamente,como um usuário de drogas que antes já tinha uma personalidade anti social ou uma fobia(ansiedade social).Além disso só se diagnostica Transtorno de Personalidade após os 18 anos.Na adolescência é tratado como Distúrbio de Conduta,Em nossa experiência,muitas crianças com TDAH(ou DDA),caminham para Transtornos de conduta.






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