quinta-feira, 26 de abril de 2012

BARREIRAS DO AMOR


Coisa complicada é o amor, dizem que é mais fácil senti-lo do que o definir, mas apelando para o antigo Aurélio podemos dizer que o amor é um sentimento positivo onde se quer o bem do outro ou da causa pela qual se defende, mesmo com sacrifício pessoal, nas suas mais variadas modalidades amor desmesurado: amor paixão, de irmão, de pais, entre amigos, pelo trabalho, amor livre e até sem compromisso, possui o amor, as mais diferentes cargas de afeto e sexualidade, ao sabor das épocas, das mudanças, das sociedades e culturas, e ainda sofre influências financeiras, legais e políticas.

O amor a dois, em seu modelo clássico, pequeno burguês, ocidentalizado ainda é em pleno séc. XXI, carregado de pesadume, dependência, possessividade, carecendo de leveza e alegria. No popular está quase sempre associado a dor de amor, e quando acrescido de chantagem e ciúmes patológicos, perde o seu núcleo essência A LIBERDADE.

O amante, antes de amar deveria treinar um pouco de solidão só quem sabe viver bem consigo, na solidão, adquire a capacidade de amar quem não administra bem sua solidão, ama para preencher lacunas de si. Não só amar, mas manter seu amor, o mais difícil dos exercícios.Em everdade, em verdade vos digo: O grande amante é um solitário.

Outro obstáculo é o ciúme patológico, destituído de conteúdo natural (o biológico que até os animais inferiores o sentem). Trata-se aqui do ciúme antropológico/sócio cultural/histórico, fruto da dominação do macho sobre a propriedade privada, os bens, mercadorias e mulheres. Estas, por um contra mecanismo ,apropriaram-se por imitação do ciúme do homem, transformando o mecanismo amoroso em neurose da pior qualidade, o da prisão. Posso sentir ciúmes sem ser prisioneiro do meu amor. O amor obrigatoriedade é  a prisão do amor.

Outro obstáculo é o autoritarismo, quem ama autoritariamente, inflige a regra e perde seu amor, pode até ganhar os primeiros “rounds”, mas é nocauteado ao fim da luta. Exigir mudanças bruscas no outro por conta de seu amor é vitória de Pirro, termina em sadomasoquismo, pois o valor da compra se esgota com a inflação do afeto. É claro que deixando o amor livre, solto como pássaros nos campos, corre-se o risco de perdê-lo, mas perde bem mais rápido quem tenta aprisionar. Depois da Teoria quântica do átomo de Bohr, do salto dos elétrons, sabe-se a natureza vive em constante desequilíbrio e reequilíbrio. Melhor viver o momento com intensidade responsável que a estabilidade morna, conservadora

Muitas vezes o amor se esgota na incompatibilidade das personalidades e cultura: um homem que só gosta de Mozart e uma mulher desses forrós atuais ou outras contradições bem acentuadas, pouco sucesso haverá, embora haja exceções, como J.J.Rosseau e a camareira Marie-Thérese tiveram 14 filhos, a maioria retardados mentais. Não há regras definitivas, mas pior é o amor exercido a base da chantagem, da dominação e da posse, sem termos amor à  liberdade existencial.

Romper com os riscos da educação autoritária numa sociedade autoritária, requer sacrifícios poucos libertários e pouco o alcançam, mesmo correndo grandes riscos do exílio em vida. Nada melhor que a sexta feira para se falar de amor. O sábado é privilégio de Vinicius de Morais.



 


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