sábado, 29 de outubro de 2011

POUCOS SOFRERÃO POR VOCÊ




Caso  venha a ter uma tristeza(que é uma coisa)ou uma depressão(que é outra coisa) muitos se lhe chegarão próximos,dizendo-se amigos,procurando dar uma “uma força”,bisbilhotarão seus segredos,enxugarão suas lágrimas,mas não suportarão mais do que quinze ou vinte dias de lamúrias.Os” amigos e amigas”desaparecerão,pois o Homem individualista da globalização por natureza não deseja conviver com pessoas que lhe tragam desconforto.
É por demais perigoso vivenciarmos as nossas emoções, quanto mais as dos outros que são a projeção das nossas e cada compadre ou comadre dará uma opinião,quando,no entanto as soluções de tais emoções deverão ser suas e ou em conjunto com o seu terapeuta.Ao vivenciarem as suas emoções,os ” amigos e amigas” correrão também o risco de irem além de seus limites.O excesso das emoções e sentimentos com a intensidade que merecem promovem o risco de romper o ego e provocar a perda de identidade.Ultrapassarmos a nossa identidade significa rompermos o” eu”e sermos taxados de “loucos”.Significa cortarmos as amarras da ideologia do sacrifício e da repressão do prazer.Romper limites é perigoso. É como se fossemos ao fundo do poço com o risco de não voltarmos  à superfície, não nos permitindo o recomeço de uma nova vida.Por isso os amigos fogem .
Fazemos parte de uma geração onde o padrão é agir pra menos.Devemos nos controlar obsessivamente,em demasia,fazer tudo padronizado como um porteiro de hotel,não chorar -já que isto é vergonhoso- e esconder ao máximo o que sentimos. Convenhamos que um dos epicentros da vida é o medo. Daí porque o controlarmos em demasia.Quem de nós não mente para si,fingindo alegria, com receio de vermos nossa verdadeira face no espelho?A sociedade atual, do progresso,  há de se sufocar a dor pelo engodo do prazer tecnológico. Então,  por que a atitude samaritana de se evolver com a depressão alheia?-Não se iluda, ninguém enxugará suas lágrimas por muito tempo.Só os fortes como queria Nietzsche merecerão honrarias.
O grande desafio atual é conciliarmos a tal busca do Poder e Sucesso ,inerente à cultura ocidental com a busca do prazer, com paz interna.O dilema está em vivermos numa cultura do descartável  ou seja descartamos tudo aquilo que oferece risco ao prazer de viver.E assim por jogarmos fora o que oferece risco de perda,terminamos mais cheios de perdas e lágrimas, sem termos quem as enxugue por algum tempo.


                                                                            
   TERAPEUTA COGNITIVO COMPORTAMENTAL

Maurilton Morais

Um comentário:

  1. O ser humano precisa de quatro condições básicas para viver: atenção, admiração/reconhecimento, afeto/amor e aceitação. Ao recebermos isso daqueles que nos são caros e, especialmente, da pessoa amada, muitas de nossas necessidades emocionais são satisfeitas, mas se não recebemos, a tendência é nos sentirmos sem valor algum e, assim, tudo fica vazio, sem sentido de existir.

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