Pode passar por nossas cabeças dezenas de palavras que nos fariam a ser saudáveis,tais como poder,dinheiro,academia,musculação,sexo e outras mais Mas como diria Rubem Alves,muitas delas fariam bem muito mais ao “hardware”, as partes duras como os neurônios,músculos ou articulações .Escrevo aqui palavras que trabalham melhor o “software”,aos símbolos, à existência e só secundariamente influiriam no “hardware”.Depois de 38 anos de clínica, de psicoterapia, apenas três vocábulos resistem à contra argumentação.
A primeira palavra chave seria a esperança, a qual em parte corresponde ao projeto existencial de Sartre.Temos de acreditar ou nos engajar em alguma causa ou ação pelas quais julgamos válida a vida.A esperança pode ser religiosa,social e até mesmo material desde que contenha em seu núcleo algo voltado para o futuro.Não foi a toa que Aluizio manuseou bem este vocábulo-sentimento por mais de meio século .Sem esperança em algo não há sentido para a vida.Tal palavra é mágica,nos induz a acreditar que ou continuaremos a ter saúde, a viver após a morte, a vencer a doença e a depressão,à melhoria social, reencontrar um novo amor após a derrocada e até mesmo ao auto conhecimento.
Outra palavra chave seria a tolerância.Ou melhor, a tolerância dos opostos.Conviver com as contradições humanas é uma arte.Por vezes as diferenças entre duas pessoas são tão intensas que exigem de nós uma paciência de Ghandi.Sempre acostumei a dizer que aquele conhecedor de antropologias social e cultural,nunca se aventura em dizer que costume tal e qual é correto ou incorreto.Tolerar as preferências sexuais consentidas,as religiões, as etnias, as formas diversas de comportamento e de temperamento, o conteúdo doutrinário das organizações,implica em compreensão,um denominador comum que deveria ser apanágio não só dos psiquiatras,psicólogos e terapeutas,mas de todos seres que buscam a harmonia em meio a desarmonia.Com uma ressalva :tolerar e compreender não significa agir da mesma forma que o outro.
A terceira e última palavra chave é a renúncia.Trata-se da base do convívio a dois.Nenhum casamento resiste ao tempo sem renuncia,sem concessões,sem a boa vontade de se permitir a quebra parcial da individualidade e ou privacidade.Renunciar a certos costumes para que se dê o bem estar do Outro exige sacrifícios.E este sacrifício do individual possibilita a liberdade do Outro,dentro da dialética do contraditório.Ou melhor, tal renúncia não vai de encontro à liberdade existencial,mas ao contrário, facilita eliminar a possessividade, o querer exercer domínio absoluto sobre os demais.Dá sentido consciente para a palavra amor, a qual nada mais é do que dedicar-se a uma pessoa ou a uma causa,mesmo exigindo sacrifício pessoal de quem ama essa pessoa ou essa causa.
Se conseguirmos reunir pelo menos duas destas palavras chave ,a terceira já estará implicitamente integrada.Não é fácil, mas também não é impossível.Vamos tentar?
Terapeuta cognitvo-comportamental
Maurilton Morais

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