segunda-feira, 1 de julho de 2013

O NARCISISTA


Narra lenda grega que Narciso se apaixona pela auto bela imagem, esquecendo a feiura das suas costas e da sua sombra. Chama pela ninfa ECCO, apaixonada pela sua beleza, mas deixa-se enganar tanto pela autoimagem quanto pelas respostas de ECCO.Fixou-se só em seu lado belo,no falso EU e terminou não se alcançando no espelho da fonte.Renunciou à vida e morreu por desconhecer o seu lado feio Fica implícito na sabedoria grega que temos obrigação do conhecimento do nosso outro lado:o ciúme,impotência diante de certos fatos,a vergonha, a humilhação ,a perda,o insucesso.Que precisamos de uma autoimagem inteira, sem subterfúgios, nem mentiras.

Na terapia cognitivo comportamental a crença nuclear psicológica mais evidente é de que as regras existem para os outros,menos para si.Comporta-se como se os outros tivessem sempre a obrigação de reconhecer o Narciso como melhor e o maior.Devem-lhe admiração.Não tolera a perda da beleza,a velhice,o adoecer.Basta uns tropeços para que surja no fundo do palco a depressão. É como alguém que se gostasse em demasia por ser intelectual ou possuísse beleza externa e não visualizasse o seu mundo interior. Mas basta um não reconhecimento para que a argamassa exterior se desmorone.

O narciso, por mais platéia que venha a ter,carrega dentro de si um vazio,um vácuo do falso EU,a incompletude.Um tremendo vácuo entre a admiração e o amor.Porém como admiração,sucesso  e platéia não substituem o amor, os mecanismos de compensação começam a falhar.A grandiosidade se esfacela quando chega a senectude,a menopausa,a perda de “status” e poder, o decréscimo da situação financeira ou o declínio sexual.Quem foi peça de mostruário narcísico tem enormes dificuldades de mostrar as rugas do rosto.Os espelhos não funcionam como antes e a insegurança preenche o vazio do falso-EU.

Na intoxicação pelo dinheiro, pela fama, o narciso usa de diversas estratégias cognitivas para manter a fantasia do” incomum”,do “especial”,não raro recorrendo às condutas sociopáticas. Aliás, narcisismo e sociopatia (antiga personalidade psicopática) são primos legítimos, muito próximos na consanguinidade  aí onde narciso morre de feio.

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