segunda-feira, 20 de maio de 2013

A REALIDADE INTERIOR E O MUNDO EXTERNO



A Sra K esbarrou e quebrou um jarro em seu apartamento. Foi quando se apercebeu que nunca tinha visto tal jarro. Tomou consciência que ele estava lá, mas não existia para si. Embelezava o ambiente, mas nunca o havia notado. A realidade interna é assim: as coisas do mundo externo só valem quando têm significado para nós. E esse mundo que experimentamos é aquele espelho de nossa realidade interna e vemos a nós mesmos quando observamos o mundo. Poder-se-ia contestar dizendo que o jarro é uma realidade física, independente de nosso olhar interno. Verdade. Mas não para as relações humanas, pois os mundos externo e interno se fundem com peculiaridades específicas para cada indivíduo.



A tal da realidade interior, a verdade de cada um, faz com que João seja muito feio para Teresa, mas não para Joana. Ou Maria tão chata para José , pareça tão lindo para Carmen. As mesmas sensações são vivenciadas diferentemente em acordo com a história, os sentimentos, emoções, desejos, paixões de cada um .Essa tal de realidade interna, para o filósofo E. Kant, é o centro do universo, os olhos de quem vê tudo, o centro do Ser. Como avisar a mulher apaixonada da periculosidade do preso na penitenciária? Da maldade de propósitos do fiscal sem escrúpulos?-como, se a apaixonada nega tudo, justifica tudo. A verdade do apaixonado é a mais verdadeira das verdades. A realidade interna de cada um é uma das causas da intolerância no campo das relações humanas. Sectarismos ou dogmatismos ideológicos surgem quando não toleramos a realidade interna do outro, pois as emoções, sentimentos ferem sutil ou grosseiramente os raciocínios mais lógicos. E a saúde mental implica em democracia, abertura ao diálogo, a realidade interna do Outro., pois acatando a dialética dos opostos, estaremos matando o que em nós se esconde. 




A realidade interna pode estar tão perturbada que dificulta a crítica do mundo exterior, causa profundos estragos no comportamento, na agressividade, no corpo ou no desejo. Mas não é obrigatório que a realidade interna se adapte as desigualdades do mundo externo, e sim que a compreenda e faça o agir na hora adequada. 




Se não controlarmos a nossa realidade interna, se perdermos seu controle ,cairemos na perda da liberdade perante nosso destino,, neurotizando-se ou psicotizando-se sem rumo, as vezes sem volta.


mauriltonmorais@uol.com.br

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