O rosto de Marcelo estava contraído. Abriu-me o peito e
soltou seu amargor: gostava de Carla, mas dizia-se sufocado. A toda hora ela
desejava estar junto. Asfixiado precisava de estar, por vezes, só Como estivesse sem ar, asfixiado Foi aí que
desenvolveu claustrofobia, medo de elevadores, como expressão simbólica da
redução de seu espaço. Por seu lado , Carla, inteligente, começou a se
distanciar. Entreteu-se mais com as amigas e danou-se em noites e bares.
Foi quando o borriquoto de meu amigo, iniciou a reclamar que
estava sendo abandonado. Por que Carla que tanto desejava se enroscar largou-se
no espaço e Marcelo, o prisioneiro de antes, sentia a falta das amarras. Qual a
razão se tanta inversão?-É a luta entre a claustrofobia(medo de ficar
preso) e a agarofobia (medo da liberdade,
de público. De caminhar sem apoio). Quem está oprimido no amor, é porque não
vai bem no mundo e necessita do novo e sabe que o novo desperta insegurança. Quantos
casais desejam se separar, quantas ocasiões sentimos desejo de mudança de rumo,
trocar de emprego e não o fazem por medo do NOVO, de novos tempos, novos horizontes, do
encontro com o desconhecido? –O medo de voar, de se lançar ao futuro traz em seu
íntimo por contradição a pessoa a
rotina, ao dia a dia.
A urgência em grudar no outro, as vezes, é a angústia
antecipada da solidão. Quando noite e
todos gatos são pardos, claustrofóbicos e agorafóbicos se igualam na angústia e
se integram na angústia existencial.
Para superar tal desconcerto o melhor é a boa norma de viver
bem consigo para saber dominar a solidão com competência. Depois, promover o
equilíbrio entre a insegurança e a segurança, pois ninguém deve se sentir
seguro na relação amorosa. Deixe-a fluir com naturalidade. Temos de buscar o
equilíbrio no desequilíbrio.
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