O antagonismo
entre amor e posse é um sério problema nas relações afetivas. O primeiro está
ligado a um afeto positivo, um mundo melhor, o altruísmo. A posse é mais
próxima do instinto de destruição do
outro, narcisismo e egoísmo. Isto seria mais simples se pudéssemos separar o amor
e ódio, vida e morte, amor e paixão, razão e emoção, quando em verdade a
história de cada pessoa e da própria humanidade é uma luta ou conjunção eterna
destes opostos.
É um velha luta
entre o biológico e o social, como demonstra a História das civilizações, a
filosofia e a Bíblia e até os romances, muito mais que os tratados de
Psiquiatria e Psicologia. Amor e Posse, amor e ódio andam juntos quando o Novo
Testamento diz: ”Amai vosso inimigo” e o Antigo Testamento afirma: “ Amai ao
estrangeiro” . Em a “Queda” de Albert Camus, percebe-se a intenção do autor
argelino em demonstrar o ser humano luta para vencer seu narcisismo ou que
amamos a nós mesmos e projetamos a carência nos outros. As coisas acontecem a
nossa volta como se não existissem ,já que vemos mais a nós. É como Chaplin ao
sintetizar:” A Vida é uma questão local”. As coisas no mundo ocorrem com total
desinteresse e não participação de nossos seres narcísicos e egoístas. Pelo
desinteresse para com os outros, deixamos de ser nós mesmos. É um paradoxo da
existência. Para Francis Bacon o Homem tem dois instintos: o individual e o
social . Transpondo para a psiquiatria luminosa de Ludwig Biswanger o Homem
deve ser mais-além-do-mundo (e não só um ser-no-mundo, como dizia Heidegger), ou
seja, com capacidade de amar. A personalidade narcísica não tem capacidade de
amar e adoece. O narcísico tem posse.
O que tem o dom
da posse usa o controle autocrático ao invés da democracia amorosa, satisfaz-se
em diminuir o outro ao invés de vê-lo crescer, ama mais ao poder que ao humano,
muito mais a tendência a morte que a vida. Por estas e outras, Erich Fromm-“ O
Coração do homem “- situa posse como necrófila e o amor como biófilo . Na
versão Salomônica a mãe ilegítima preferia a criança morta, partida ao meio que
entregue a outra. E em nome de Cristo (amor) fabricaram-se guerras(posse).
Guerras Santas, dos Trinta Anos, Inquisições e Torquemadas.
Parabéns Dr. Maurilton, gosto de ler tudo que vc escreve.
ResponderExcluirUm abraço,
Zildete