As mães perdem muito
ao não contar “estórias de encantamento (Cascudo) aos seus filhos”. Eles são diretos,
simples, pouco trágicos, simbolísticos dos conflitos da alma humana, onde aparecem
no confronto entre o bem e o mau. São a maneira mais prática da criança resolver problemas de ciúmes, inferioridade,
rivalidades, narcisismos, tudo num mundo do faz de conta, sem que nada de claro
seja dito. Daí a relação encontrada por Cascudo (“Contos Tradicionais do
Brasil”)entre “A Princesa e o Gigante”, “O Boi Leição”, etc. e o conto egípcio
“Os Dois irmãos” de há 30 séculos. Muitos desses contos atravessam anos, sofrem
modificações como os de Charles Perrault (Chapeuzino Vermelho, Pedrinho e o Pé
de Feijão, além do Gato de Botas) ou dos
Irmãos Grimm(Branca de Neve, ,a Bela e a Fera e a Cinderela).Mudam um
pouco o contudo, mas não a forma.
Cada país tem
seu Conto predileto. Na Inglaterra, os três Porquinhos. Na França, o Barba
Azul. No Oriente, a Garrafa e o Gênio, Aladim e a Lâmpada Maravilhosa e Ali
Babá e os Quarenta ladrões. Todos eles levam a solução para distante. Vejam o
Chapeuzinho Vermelho, se afastando de casa, correndo os riscos da angústia da
separação, a qual carregamos pela vida afora. Quem de nós não se sentiu a
própria borralheira em algum instante ?Quem
não teve as mesmas decepções, imagens desvalorizadas de si mesmo? Ou não se
fantasiou com o triunfo do Príncipe? Estes contos- sonhos da criança são
manifestações diretas do desejo. São diferentes dos mitos dos adultos os quais
são ilógicos, aparentemente, precisando serem reconstruídos. As situações
impossíveis para os adultos são o incesto, o patricídio e o matricídio. A
criança quer apenas vencer as dificuldades naturais do desenvolvimento.
Quem leu com
carinho a Branca de Neve e os Sete anões e o trouxer para a simbólica humana, compreenderá
porque é um Conto tão famoso. Sair de casa (sem ter resolvido conflitos), perder-se
na floresta(ter dificuldades no desenvolvimento),encontrar sete anões(que por
terem estatura menor que o pai nunca o substituiriam),passar por enormes
agruras( sofrimento no crescer psicológico) até encontrar um príncipe(pai
substituto) com quem se casou, nada mais é do que resolver-se tardiamente. Pouco
importa se a recompensa será um belo cisne (Patinho Feio) ou um sapato dourado
a ouro (Cinderela).
Afina, Como carregamos dentro de nós
a criança que fomos (ou somos?) a nossa peleja sempre será em praticar façanhas
miraculosas, cavalgar pelo céu da imaginação, lutar e vencer os grandes
gigantes, adversários da alma, enfim, brincar perigosamente de viver.


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