Os cientistas
descobrem agulhas em palheiro que o Homem comum não vê C. Jung, Otto Rank e Van
DerLeeuw (dissidentes de Freud)observaram que os e mitos e lendas se repetem, num
padrão estereotipado, repetitivo. Constatei isto num curso que ministrei na UFRN
sobre mitologias greco-romana, egípcia, tupi guarani, nagô e assíria babilônica.
Denominou-se a tal repetição de temas “O MITOLOGEMA DO HERÓI”. (Há um código
nos mitos, um sentido oculto universal, como no ESTRUTURALISMO DE C. L.
STRAUSS, discípulo de Mauss). Os mitos parecem reproduzir as etapas do
desenvolvimento do Homem: O nascimento, crescimento, declínio, morte e
renascimento. O mesmo destino do sol e das paixões. Vejamos as coincidências (escreveremos
o assunto em dois textos).
A. O NASCIMENTO DO
HERÓI/SALVADOR/PROFETA: São filhos de reis, divindades, em geral um pai divino
e uma mãe terrena(com ou seu copulação).Apolo, deus solar grego era filho de
Latona com Júpiter, o poderoso Senhor do Tempo. Édipo, filho de Laio e Jocasta.
Jesus filho de Deus, O Sóter dos gregos, no mitologema, é ao mesmo tempo homem
e deus. O filho é a própria encarnação do pai.
B. DIFICULDADES PARA NASCER: Há sempre
um oráculo, uma pitonisa, um sonho, avisando dos perigos do nascimento para os poderosos.
O oráculo de Delfos avisou a Laio que Édipo o assassinaria. Paris era filho de
Príamo, rei de Tróia, mas quando sua mãe Hécuba estava grávida do herói, sonhou
que daria luz a uma tocha de onde sairiam serpentes, sendo por isto abandonado
no monte Ida(igual a Édipo, nas montanhas de Tebas).Cristo seria o rei dos
judeus e Herodes ordenou carnificina de crianças. A profecia de Gaia(terra)
avisou a Cronos que um de seus filhos lhe arrebataria o trono(Júpiter, no
caso).
C. O HERÓI ENFRENTA
ENORMES DIFICULDADES APÓS O NASCIMENTO: Hércules (ou Héraclres),filho de
Jupiter e Alomena, foi condenado pelo oráculo de Delfos a prestar obediência a seu irmão Eristeu, Rei de Micenas. Este
desejando livrar-se de Hércules, ordenou os famosos “doze trabalhos”. Na luta
contra as adversidades, o herói costuma pedir ajuda aos deuses. Teseu era
protegido por Poseidon(deus dos mares);Perseu tinha Atnéia, Áquiles em Quiron, o
sábio centauro. Na luta contra os dragões do inconsciente, da malda(lembrem Glauber),Apolo
mata Phyton e Cristo luta contra os
fariseus. Como o dissemos, as
dificuldades já começaram muito antes, desde o nascimento: Rômulo e Remo, ”fundadores
de Roma” foram abandonados e socorridos por gente humilde; Moysés lançado numa
cesta de vime no rio Nilo. O herói Surgiu lá na Escandinávia, mata a serpente e
o super homem de nossas histórias em quadrinhos protege as indefesas.
D. A VITÓRIA OU A MORTE DO HERÓI: No mergulho ao inconsciente, na
luta contra as trevas da alma, da luta contra forças malignas, nem todos
conseguem sobreviver. Alguns heróis e Profetas deixam-se matar. Não como numa morte
comum, mas aquela que transmite uma mensagem entre os homens (Cristo), como se fosse
uma morte que supera a própria morte. Jonas é engolido pela baleia, mas renasce.
Outros sucumbem, como Osíres (egípcios) e Baldur (alemães). Alguns heróis
querem superar os deuses e são castigados. Para vencer, os Heróis tem de
reconhecer sua porção negativa, o lado escuro personalidade, entrar em
concordata com sua parte destrutiva. E mesmo reconhecendo a fragilidade,
deixa-se morrer de morte superior, nunca igual a dos mortais, num sacrifício.
Cristo deixou-se martirizar na cruz e Sta. Lúcia sacrificou os olhos em nome da
religião.
E. A RESSUREIÇÃO DO HERÓI: O Herói, o Salvador, o Profeta, as mais
das vezes voltam, movidos seja por vingança, seja para trazer uma nova vida. Com
exceção de Beloforonte, Herói sem sorte, todos na mitologia grega vão habitar
os Campos Eliseus, próximo ao Olimpo residência oficial dos deuses. Hércules, morto
pelo veneno da hidra, é ressuscitado para o Olimpo, residência dos deuses,
junto a Hebe, a deusa da juventude. A ressureição e o nascimento se confundem,
como no caso de Cristo, onde o Salvador que volta já existia na figura do Pai.
Como insinuei antes, a associação entre o Herói, o Solo Profeta e o Pai estão presentes
na história da humanidade (Os mantos dos reis são bordados com a imagem do Sol,
o Rei Sol). Na simbologia do inconsciente o Sol antecede as longas noites e nos
dá esperança a cada alvorecer. O Sol, Como o Herói, nasce, cresce, declina e renasce.
O Sol como o Rei, como Astro Rei, tem a pujança do poder que vai, mas volta.
Para Jung esse material mítico é a reprodução ou símbolo do processo
de maturação pelo qual passa o indivíduo Ego mergulha no inconsciente, correndo
o risco do autoconhecimento ou da loucura. Como fazem o Herói, o Salvador, o
Profeta e o Sol (que morre e renasce), buscando a integração da personalidade,
como procedemos quando estamos em psicoterapia.
Poderia adiantar que o nascimento do mundo, o dilúvio,
o monte Ararat existem até na mitologia nagô, por sinal uma das mais lindas que
já li, mas vou deixar para postar neste Blog a partir de dessa sexta feira A
Simbologia das Águas.
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