sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

O MORRER E A MORTE(I)





                                                              
A Terapia Cognitiva, nos ensinou que em nossa sociedade cultural ,dita civilizada,do Ocidente,o medo da morte esconde-se em muitos transtornos de ansiedade. Medo de ficar só, em meio a multidão, preocupação excessiva com doenças estão ligados de forma enoberta ao morrer e não ser socorrido,Nesta cultura ocidental a morte é vista como uma perda significativa e a Tanatologia (de Thanatos,deus da morte e logia,ciência,no grego),é o ramo da medicina e outras ciências que se ocupa da morte,das reações pessoais e sociais diante dela, além dos aspectos médico legais.
Culturas greco-romanas,hindus,chinesas,dentre outras,enterravam seus mortos junto a alma,cobriam-lhe de vinhos e alimentos e objetos que necessitassem.Mas não se preocupavam com outra vida ,exceto os semideuses e heróis,não se constituindo o foco desta questão.Com o avanço da medicina, as preocupações com a vida foram aumentando e o desejo de continuar vivendo após a morte transformou-se naquilo que Kretsmmer-psquiatra alemão-denominou “O querer derreístico de continuar vivendo além da morte”.Em verdade,a morte seria,teoricamente,um grande contraponto para sabermos que tudo é efêmero,passageiro e deveríamos em vida sermos mais tolerantes e mais solidários.Mas existe a dialética e o bem contrapõe-se ao mal ,como o amor ao ódio.
Elaboração do luto é a expressão utilizada para definir os seus conflitos com alguém que morre.A depressão reativa normal para com quem morre é de tristeza,raiva,abatimento,falta de apetite,insônia e incompreensão em relação aos fatos causadores do falecimento.Dura em média 6\9 meses,podendo as vezes se prolongar.Um inglês,John Bowlby,em minuncioso estudo,traçou fases do enlutamento.Após o desespero,há um período de negação,onde se procura a todo custo,a volta do falecido.A seguir o enlutado começa a entender melhor a realidade e voltam sintomas depressivos mais fortes ou desencadeiam-se depressões  mais graves.Finalmente,relembra o morto com  alegria ou tristeza,internalizando-o(colocando-o dentro de si).
Há outras formas diferentes de reagir a morte do ente querido.Uns adiam o sofrimento,sem derramar lágrimas,tendo como conseqüência,tempos após, transtornos psicossomáticos.Há os que mostram incontidos risos,num mecanismo de negação da realidade.Há os que transferem as perdas para grandes datas ,como aniversário,casamento,sem falar nas depressões natalinas(O natal sempre é uma festa familiar)
Um outro dado observado é a fusão do primeiro momento pós morte(raiva,inconformismo) e a negação da realidade,como se a perda não houvesse acontecido.Aí acontece um paradoxo,uns doam todos os pertences do falecido e outros os guardam nos mínimos detalhes(roupas,camisas) e alguns chegam até dialogar alucinatoriamente com a pessoa desaparecida.A realidade externa é incorporada e  obedece a realidade interna do sobrevivente.Por fim,deixarei o morrer em vida e o suicidar-se para a sexta feira de 2012.Boa sorte e pouca morte.

                                                                            mauriltonmorais@uol.com.br

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