Dentre e-mails recebidos pelos artigos neste JORNAL DE HOJE, um me chamou a atenção : a de uma jornalista advertindo-me - as mulheres mudaram e muitas delas já“transam” sem amor e sem culpa.Certo.Faltou acrescentar que trata-se de uma mudança pós moderna e pede para aprofundar o assunto.Já que a mulherada quer,vamos lá, a partir da máxima Sartreana na qual “A culpa são os Outros” e sem” psiquiatrizar” a questão de que as personalidades obsessivo-compulsivas e as depressivas bipolares estão no rol das mulheres(e homens também) que mais separam amor e sexo.A pedido da gentil jornalista, analisemos um pouco mais.
Há mais de trinta ans, Erich Fromm em “A Psicanálise da Sociedade Contemporânea”, “O Coração do Homem”e em “O Medo à Liberdade”, chamava a atenção para a alienação do Homem,o seu narcisismo,o culto ao corpo,o acreditar só em si,como se fosse um superhomem, quando na verdade não passa de um manipulado pós moderno. Para ele as tecnologias reforçam o individualismo pós-moderno. Mulheres com “produção independente”de filhos,pílulas milagrosas para rejuvenescer(melatonina),o culto ao corpo nas academias como panacéias para o bem estar físico e mental.Pode-se contestar que isto foi há mais de trinta anos.
Entretanto,na outra ponta da linha,mais recente, Francis Fukuiyana escreveu o seu criticado livro “O fim da História e seu Último Homem”. Em síntese é o seguinte: o neo liberalismo venceu,o capitalismo venceu, não há lugar para luta de classes,assembleísmo,sindicatos,ou melhor,cada um por si, como no amor e no sexo. Jean Breaudillard reforça a tese do pós modernismo do Homem Individual:quem manda é a midia, o sexo descompromissado,o cartão de Crédito personalizado, o esporte individual,nem reunião para discutir salário.A vez é da TV, do marketing, do computador(quem controla a produção),dos Robôs e os bancos.Fica bem claro que as mulheres e homens podem “transar”nos tempos pós modernos e como dizia Platão-homens e mulheres eram dois seres inicialmente únicos,mas que um deus irado os separou e até hoje vivem de forma desencontrada a busca de se reencontrarem.
Mulheres e homens batem cada vez mais às portas da terapia ,pessoas belas fisicamente,queixando-se de um relacionamento mais estável,um tal de” infinito enquanto dure”.Dizem:”Ninguém quer nada com ninguém...”Só querem se aproveitar”...”Querem ficar e ponto final”.Tudo muito dinâmico e individual como no pós modernismo.Para muitos, o remédio é administrar com competência a solidão. Ou separar sexo e amor sem solidão.Ou buscar em cada bar ,obsessivamente um parceiro eventual,como se fossem virtuais tais como o são as relações sociais,a propaganda,os sorrisos,os afagos amorosos, a foto da mulher bela que não é bela,os beijos,as penetrações genitais.Como desejar relações estáveis se as verdades virtuais mudam a cada instante?
Amem-se virtualmente e dêem graças a Deus.Arrume-se como possa ou do jeito que o diabo gosta.Lembre-se,você também é virtual.Proteja-se contra a neurose e não procure o “sexshoping”.
Psiquiatra.Terapeuta cognitivo compotamental
Maurilton Morais

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