terça-feira, 4 de junho de 2013

NEYMAR E A PSICOLOGIA DAS MASSAS



Ao observar pela TV um grupo de, principalmente mulheres, gritando, mordendo-se, contidas pelos maridos aos berros, na saída para o Barcelona, lembrei-me que já vi cenas semelhantes desde garoto, quando Cauby Peixoto, Nelson Gonçalves tinham arrancadas suas camisas pelas fãs enlouquecidas. Recordei-me que no antigo hospital João Machado, quando entrava um médico nas enfermarias femininas, acontecia o mesmo. E nunca presenciei o avanço de homens sobre as profissionais de saúde, quando adentravam para atendimento a clientes. O fenômeno se estendia aos Beatles. Rolling Stones e vai por aí. Os homens se agridem, alvoroçam-se, mas não chegam a desnudar a roupa do ídolo. Talvez pela repressão sexual feminina ao longo de milênios.  Foi quando me dignei a fazer um retrospecto da psicologia das massas diante de eventos de protesto, saudações, musicais ou outras formas de manifestação.




Sabemos que o conceito de massa não é adstrito só a concentração/volume de pessoas, mas sim ao comportamento- uma reação “massificada”, automática e estereotipada. Nem o que se opõe a massa  é a elite, mas o individual, ou melhor, não há criticismo individual, já que este implica na autonomia pessoal do pensar e agir, o que não ocorre na massa acéfala, manipulada consentidamente por um líder, pela mídia ou pelo acúmulo de situações sociais adversas. E quando os manipuladores(como nas torcidas organizadas) descobrem o que está encoberto nas massas, tornam-se carismáticos aparece a fé cega, seja religiosa, política, fanática, artística.





Massa não tem relação direta com poder, nem com classe social. Há poder dentro da massa, como há massa dentro do poder. Como há aristocracia operária, entre tecnocratas, profissionais liberais e outros. Sintetizando a massa pode se constituir de frações de uma classe junto a frações de outras classes(como vimos recentemente estudantes e MST juntos marchando num só objetivo). A massa pode ser irracional em sua totalidade ou parcialmente irracional, mas sempre deseja comunicar alguma insatisfação ou admiração  estimulada pelos meios de comunicação. Mesmo a massa inerte, pode ser posta em movimento pelos mesmos meios.   




Embora Neymar jogando mal, foi promovido pelo “marketing” a garoto propaganda, modelo de cabelos, roupas, estilos de vida. É que a massa ignora ( como diria S. P. Preta), “raciocina” através de moldes fixos, acabados, idéias prontas, tais como “ Judeu só pensa em dinheiro”, “Negro é preguiçoso” ou “Toda loira é burra”. Tenha-se em mente que a massa não foge a ideologia dominante em qualquer sistema. Na próxima sexta , escreveremos sobre O ESTUDO IDEOLÓGICO DAS MASSAS, já que gostamos de termos analisado superficialmente este assunto. Neymar foi produzido, elaborado, lapidado a tal ponto que mesmo jogando mal, foi coberto pelos meios de comunicação globalizados e levado a Espanha como troféu de uma ilusão.



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