Ao
observar pela TV um grupo de, principalmente mulheres, gritando, mordendo-se,
contidas pelos maridos aos berros, na saída para o Barcelona, lembrei-me que já
vi cenas semelhantes desde garoto, quando Cauby Peixoto, Nelson Gonçalves
tinham arrancadas suas camisas pelas fãs enlouquecidas. Recordei-me que no
antigo hospital João Machado, quando entrava um médico nas enfermarias
femininas, acontecia o mesmo. E nunca presenciei o avanço de homens sobre as
profissionais de saúde, quando adentravam para atendimento a clientes. O
fenômeno se estendia aos Beatles. Rolling Stones e vai por aí. Os homens se
agridem, alvoroçam-se, mas não chegam a desnudar a roupa do ídolo. Talvez pela
repressão sexual feminina ao longo de milênios. Foi quando me dignei a
fazer um retrospecto da psicologia das massas diante de eventos de protesto,
saudações, musicais ou outras formas de manifestação.
Sabemos
que o conceito de massa não é adstrito só a concentração/volume de pessoas, mas
sim ao comportamento- uma reação “massificada”, automática e estereotipada. Nem
o que se opõe a massa é a elite, mas o individual, ou melhor, não há
criticismo individual, já que este implica na autonomia pessoal do pensar e
agir, o que não ocorre na massa acéfala, manipulada consentidamente por um líder,
pela mídia ou pelo acúmulo de situações sociais adversas. E quando os
manipuladores(como nas torcidas organizadas) descobrem o que está encoberto nas
massas, tornam-se carismáticos aparece a fé cega, seja religiosa, política,
fanática, artística.
Massa
não tem relação direta com poder, nem com classe social. Há poder dentro da
massa, como há massa dentro do poder. Como há aristocracia operária, entre
tecnocratas, profissionais liberais e outros. Sintetizando a massa pode se
constituir de frações de uma classe junto a frações de outras classes(como vimos
recentemente estudantes e MST juntos marchando num só objetivo). A massa pode
ser irracional em sua totalidade ou parcialmente irracional, mas sempre deseja
comunicar alguma insatisfação ou admiração estimulada pelos meios de
comunicação. Mesmo a massa inerte, pode ser posta em movimento pelos mesmos
meios.
Embora
Neymar jogando mal, foi promovido pelo “marketing” a garoto propaganda, modelo
de cabelos, roupas, estilos de vida. É que a massa ignora ( como diria S. P.
Preta), “raciocina” através de moldes fixos, acabados, idéias prontas, tais
como “ Judeu só pensa em dinheiro”, “Negro é preguiçoso” ou “Toda loira é
burra”. Tenha-se em mente que a massa não foge a ideologia dominante em
qualquer sistema. Na próxima sexta , escreveremos sobre O ESTUDO IDEOLÓGICO DAS
MASSAS, já que gostamos de termos analisado superficialmente este assunto.
Neymar foi produzido, elaborado, lapidado a tal ponto que mesmo jogando mal,
foi coberto pelos meios de comunicação globalizados e levado a Espanha como
troféu de uma ilusão.
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