O APARELHO DIGESTIVO NA MENTE E NA LÍNGUA DO POVO

De tanto escutar queixas e frases de clientes nos relacionamentos sociais traduzindo o aparelho digestivo, concluo com a associação mente funcionamento digestivo e linguagem popular, “Intestino preso”, “intestino solto” são exemplos simples. Se observarmos bem há muitas outras coisas que transferem para a linguagem corporal, verdadeiras expressões de sentimentos primitivos, numa linguagem corporal, como se as pessoas verbalizassem com o corpo.

Há gente que “vomita”, sente “asco” com a presença de outrem, a náusea e o vômito transferem à raiva, o rancor, a mágoa represados, armazenados. ”Não posso ver fulana que sinto náuseas”, o aparelho digestivo envolve um longo e tortuoso tubo por onde entram e saem as agruras do ser. ”Não digiro minha cunhada” a ponto de adoecer, caso não se digira, se adoece, é o aparelho digestivo mental. A alimentação pode também estar ligada ao afeto. ”Quando estou triste como muito”, pode estar ligado a esperança, ”Alimento a esperança dele, um dia ser só meu”, diz a sofredora. “Você é meu alimento, meu amor ,minha vida”, como se o outro substituísse a alimentação desde cedo, quando a criancinha chora, a mãe a aperta contra o peito e fornece-lhe alimento, está iniciando a triangulação alimento, ser querida, ser protegida e isto caminha ao longo da existência, ”Ficar chupando o dedo” é ficar  ver navios, como a criança que chupa o dedo quando sua avidez não é satisfeita, o ciúme é simbolizado pela posse, aquela vontade de incorporar o outro, devorá-lo, engoli-lo, tê-lo só para si, de não dividir “a comida”.

Transtornos mentais como na depressão tem-se culpa, a autopunição é comer de menos ou demais, o bipolar na fase de sua falsa alegria, tem o humor expandido, grandioso, cósmico e come de forma exagerada. Não há meio termo no Transtorno Bipolar, de outro lado, sexo e comida andam de mãos juntas, ”Vou comer X ou fui comido (a) por Y”, neste campo o ”food” “foder” e a alimentação também se unem no amor e no ódio, ”Vou foder você” é expulsar aquilo que se engoliu no fogo das paixões, agora entendo Oscar Wilde: ”Matamos aquilo que mais amamos”, ”Vou comê-lo pelas beiradas” nada mais é do saborear de forma sádica e lenta a destruição do adversário.

O ato sexual começa pelo beijo e o prazer pela mamadeira ou o mamilo materno, quando o ciúme, a inveja, a necessidade de segurança se impõem quem primeiro paga s conta é o aparelho digestivo junto às bactérias, por exemplo, as helicobacterpeptídeos, que também existem no cérebro (substância P), as más deglutições do dia-a-dia podem terminar nos quadros psicossomáticos.

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