Multiplicam-se
crendices no Homem dito racional civilizado desde o fim do milênio
passado.Seitas esdrúxulas,rituais de exorcismo, Tarô,cartomantes e quiromantes,cristais,I
Ching,Astrologia, gnomos modernos e outras crendices utilizadas até por médicos
charlatões,como se o pensamento mágico voltasse a imperar em plena era
tecnológica. Manda-se dosar lítio em fio de cabelo, diz-se que o problema do
paciente é falto de lítio (quando lítio,menor peso atômico ,só deve ser dosado
em quem toma lítio),Babosa ,chás miraculosos e outras bobagens sem nenhuma
metodologia científica.Voltamos ao Homem primitivo que acendia fogueiras para
atrair a caça, lado a lado com os
computadores e a parafernália eletrônica.
A Antropologia faz
diferença entre Magia e Religião. A Religião, segundo a mais clássica definição
antropológica de Edward Taylor “É a crença em seres sobrenaturais”.A oração
seria a técnica de comunicação com os sobrenaturais e a atitude religiosa seria
a humildade perante o poder divino,superior.Já a Magia não recorre a seres
espirituais e busca a dominação através de técnicas dos seres sobrenaturais.O
mágico, ao contrário do religioso,é autoconfiante em sua capacidade de dominar
as adversidades.
Para a Psiquiatria e
Psicologia tudo é pensamento mágico em oposição ao lógico aristotélico. Não
passar embaixo de uma escada, não descruzar as pernas para não “cortar a corrente”,assistir
jogos de futebol sempre com a mesma roupa para o seu time ganhar,colocar figas
em crianças, evitar gatos pretos,usar talismãs e amuletos para se livrar do ”olho
gordo”, guiar-se por horóscopos ou signos,não são comportamentos lógicos,mas
pré-lógicos dos homens das cavernas,aos quais os seres ditos lógicos sempre
recorrem em instantes de dificuldades pessoais, como se estivessem encravados
no inconsciente ancestral da história da humanidade.O pensamento mágico,
segundo Levy Bruhl não se guia pela lógica aristotélica e sim pelas leis de associação de John Stuart
Mill.O homem,desde ode
Neadhertal,enterrava seus corpos com oferendas(como no Egito ) .
Mas não parece
estranho em plena época do computador e seus derivados, buscar-se profecias de
Nostradamus, benzer-se antes de se adentrar no jogo de futebol ou no mar? Não. Os
delirantes e obsessivos reproduzem os estágios longínquos do pensamento mágico.
E não foi Freud quem disse ser “A religião a neurose obsessiva da humanidade”
com seus rituais repetitivos?O Homem com toda evolução científica, como quer
Monique Augras(em seu livro “A Dimensão
Simbólica”) regride na virada de séculos e milênios, apelando em sua
insegurança diante do novo, para o místico,para o sobrenatural,para os livros
de auto ajuda.Quem sabe se o Lula não faz parte do pensamento
pré-lógico,primitivo, ancestral, irracional?
Psicoterapeuta cognitivo-comportamental
Maurilton Morais



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