sábado, 12 de novembro de 2011

O PENSAMENTO MÁGICO NO HOMEM ATUAL







Multiplicam-se crendices no Homem dito racional civilizado desde o fim do milênio passado.Seitas esdrúxulas,rituais de exorcismo, Tarô,cartomantes e quiromantes,cristais,I Ching,Astrologia, gnomos modernos e outras crendices utilizadas até por médicos charlatões,como se o pensamento mágico voltasse a imperar em plena era tecnológica. Manda-se dosar lítio em fio de cabelo, diz-se que o problema do paciente é falto de lítio (quando lítio,menor peso atômico ,só deve ser dosado em quem toma lítio),Babosa ,chás miraculosos e outras bobagens sem nenhuma metodologia científica.Voltamos ao Homem primitivo que acendia fogueiras para atrair a caça, lado a  lado com os computadores e a parafernália eletrônica.
A Antropologia faz diferença entre Magia e Religião. A Religião, segundo a mais clássica definição antropológica de Edward Taylor “É a crença em seres sobrenaturais”.A oração seria a técnica de comunicação com os sobrenaturais e a atitude religiosa seria a humildade perante o poder divino,superior.Já a Magia não recorre a seres espirituais e busca a dominação através de técnicas dos seres sobrenaturais.O mágico, ao contrário do religioso,é autoconfiante em sua capacidade de dominar as adversidades.
Para a Psiquiatria e Psicologia tudo é pensamento mágico em oposição ao lógico aristotélico. Não passar embaixo de uma escada, não descruzar as pernas para não “cortar a corrente”,assistir jogos de futebol sempre com a mesma roupa para o seu time ganhar,colocar figas em crianças, evitar gatos pretos,usar talismãs e amuletos para se livrar do ”olho gordo”, guiar-se por horóscopos ou signos,não são comportamentos lógicos,mas pré-lógicos dos homens das cavernas,aos quais os seres ditos lógicos sempre recorrem em instantes de dificuldades pessoais, como se estivessem encravados no inconsciente ancestral da história da humanidade.O pensamento mágico, segundo Levy Bruhl não se guia pela lógica aristotélica e sim  pelas leis de associação de John Stuart Mill.O homem,desde  ode Neadhertal,enterrava seus corpos com oferendas(como no Egito ) .
Mas não parece estranho em plena época do computador e seus derivados, buscar-se profecias de Nostradamus, benzer-se antes de se adentrar no jogo de futebol ou no mar? Não. Os delirantes e obsessivos reproduzem os estágios longínquos do pensamento mágico. E não foi Freud quem disse ser “A religião a neurose obsessiva da humanidade” com seus rituais repetitivos?O Homem com toda evolução científica, como quer Monique Augras(em  seu livro “A Dimensão Simbólica”) regride na virada de séculos e milênios, apelando em sua insegurança diante do novo, para o místico,para o sobrenatural,para os livros de auto ajuda.Quem sabe se o Lula não faz parte do pensamento pré-lógico,primitivo, ancestral, irracional?

                                                                                  Psicoterapeuta cognitivo-comportamental

 Maurilton Morais

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